"Amores Proibidos"

A 6ª edição do Operafest 2025 gira em torno do amor - esta força avassaladora que "arde sem se ver" e que move a existência humana.
O programa desta edição aborda vários casos de "amores proibidos", assombrados pela doença e morte, pela classe social, pelo dever e pela traição.

 

Entre Oeiras e Lisboa, O Operafest 2025 arranca em Oeiras, na cenografia perfeita do Convento da Cartuxa, em Caxias, que recebe ópera pela primeira e uma das grandes óperas de sempre: "La Traviata" de Verdi (1853), a partir da "Dama das Camélias" de Alexandre Dumas, sobre a cortesã que expia o seu amor proibido, com a doença e a morte. O estigma da mulher perdida, ainda tão condenada socialmente, nos dias de hoje, com um elenco internacional de luxo, a encenação do actor e encenador David Pereira Bastos, sob a batuta do maestro Osvaldo Ferreira, acompanhados pela orquestra Filarmónica Portuguesa. Cortando a noite de recolhimento Convento da Cartuxa, uma inesperada Rave Operática. Festa de celebração que funde o mundo da ópera com o mundo pop, com actuações do impar Tó Trips & Fake Latinos, evocando o seu último grandioso album "Dissidente" , presenteando-nos ainda com revisitações dos temas da ópera "La Traviata" e da ópera " Dido e Eneias" e da "Flauta Mágica" de Mozart" com a participação de cantores de ópera e ainda a banda de baile dos tempos modernos "Bateu Matou" e a deus urbano Dj Marfox, sempre temperados com muita ópera.

 

Num segundo tempo, num novo epicentro da capital - a imponente Aula Magna da Universidade de Lisboa, ecoa o universo barroco, pela primeira no Operafest. "Dido e Eneias"(1688), uma das obras primas de Henry Purcell, evocando os amores trágicos da rainha de Cartágo pelo herói troiano, Eneias. Os meandros do amor, do abandono e da morte com a música mais contrastante que vai de um dos lamentos mais desolados e belos da história da música, a momentos musicais de euforia, paixão, dança e humor, com os Músicos do Tejo e um grande elenco, sob a direcção cénica do bailarino e coreógrafo Rui Horta.

 

No ciclo inéditos, num novo parceiro de programação, a Culturgest, propõe-se a aguardada estreia nacional da ópera "Julie" (2005), do compositor belga Philippe de Boesmans, que em 2022 nos deixou, e, uma obra prima do século XXI, a partir da peça "Menina Júlia", do dramaturgo sueco August Strinberg.
Na véspera do dia de São João, na mesma noite em que o seu noivado é rompido, Julie seduz o valete do conde, seu pai. Uma luta de classes e de sexos, em que o elo social mais forte perde. Uma reflexão poderosa sobre o que move o ser humano, sobre o que o aprisiona e liberta, com um virtuosismo e colorido musicais extraordinários, protagonizada pela carismática meio-soprano francesa Julia Deit-Ferrand, com a encenação e cenografia da encenadora alemã Daniela Kerck, recentemente aclamada pela sua marcante encenação de "Turandot" de Puccini, que aqui se estreia, em Portugal. A direcção musical do maestro Bruno Borralhinho, acompanhado pelo ensemble Beyra, numa co-produção com Artway.

 

A Maratona Ópera XXI – concurso e plataforma para a ópera contemporânea, aposta ainda na formação e profissionalização com os workshops "A libertação do som"- técnica Alexander para músicos e cantores com Eleni Vosniadou, um curso livre direccionado a compositores e escritores- "Viagem ao mundo do libreto" e os workshops "Os segredos da voz" e "Pedra no sapato – compondo para ópera", direccionados para compositores e libretistas e ainda as Conferências "Ópera & Literatura - momentos de uma longa história", uma viagem pelas grandes óperas do século XX e XXI que nasceram de livros, por Paulo Ferreira de Castro e "A Ópera e os Amores Proibidos" por Rui Vieira Nery, no âmbito cultural do El Corte Inglés.

 

O ciclo Cine-ópera em parceria com a Cinemateca Portuguesa, em torno dos contágios múltiplos entre cinema e ópera e claro com enfoque no tema do amor proibido, propõe versões cinematográficas imbatíveis de grandes clássicos desta edição, como "La Traviata" de Franco Zefirelli (1982), protagonizada por Teresa Stratas e Plácido Domingo, o enigmático "Castelo do Barba Azul", do realizador Michael Powell (1963) a única ópera e obra prima do compositor húngaro, Belà Bartók. "Miss Julie" de Alf Sjöberg (1951), evocando a "Menina Júlia" de Strinberg e celebrando os duzentos anos do nascimento de Camilo Castelo Branco, um dos mais extraordinários romancistas portugueses de todos os tempos: "O Dia do Desespero" de Manuel de Oliveira (1992).

 

Finalmente encerrando o Operafest 2025 em chave de ouro, numa nova parceria com o Centro Cultural Olga Cadaval, a ópera mais vista de sempre "A Flauta Mágica" do genial W. A. Mozart (1791), para os mais novos de todas as idades. Depois do seu sucesso em 2023, encenação também "mágica" de Mónica Garnel, com um elenco português de luxo, que fez as delícias do público e da crítica, está de volta na versão portuguesa de Alexandre Delgado, e será ainda filmada para a RTP2!

 

Bem vindo ao Operafest e ao mundo trágico da ópera!