A 5ª edição do festival do OPERAFEST LISBOA, rege-se sob o mote do "Instinto fatal", evocando a nossa atração irremediável para situações limite, da passagem para um ponto de não retorno que deita tudo a perder e hoje mais do que nunca, estamos na eminência da nossa total destruição. Celebra ainda os quinhentos anos de nascimento da maior figura cultural portuguesa e um dos maiores poetas de todos os tempos e pai do português moderno, o genial e fascinante Luiz Vaz de Camões.
Nesta edição o Operafest estreia-se em novos palcos e parceiros de programação, estendendo-se a Oeiras, a um monumento nacional e um valioso património do século XVIII – os sumptuosos Jardins do Palácio Marquês de Pombal, antiga residência do inventor da Lisboa moderna, que recebem ópera pela primeira vez, permitindo ao Operafest duplicar o seu público, e ter finalmente a logística imprescindível para a ópera de grande porte!
O principal palco lisboeta será no Anfiteatro ao ar livre da Fundação Calouste Gulbenkian. Outros palcos serão ainda, a Trienal de Arquitectura de Lisboa, no belíssimo Palácio Sinel de Cordes, em Santa Clara, a Cinemateca Portuguesa, o âmbito Cultural do el corte inglés e o bar Titanic sur mer.
O Operafest arranca não com um, mas com dois Grandes Clássicos "Cavalleria rusticana" ou cavalheirismo rústico (1890) de Pietro Mascagni e "Pagliacci" (1892) de Ruggero Leoncavallo, nos sumptuosos Jardins do Palácio Marquês de Pombal. As duas obras primas de 1 acto e dois paradigmas do movimento verista italiano, que enaltece a verdade do sentimento e em que a tragédia: o crime de honra, o crime conjugal, os conflictos humanos, passam para a esfera popular, sem mediação ou bonitas palavras.
Agora são aldeões de uma aldeia siciliana, gente pobre, que trabalha no campo, ou palhaços de um circo itinerante - os heróis da tragédia, geralmente resolvida à facada e na praça pública. A actriz e encenadora Mónica Garnel abraça a encenação, sob a direcção musical do maestro Osvaldo Ferreira, com um elenco liderado pelo tenor basco Andeka Gorrotxategi e ainda Catarina Molder, Christian Luján, Carolina Figueiredo entre outros, acompanhados pela Orquestra Filarmónica Portuguesa 22, 24 e 26 de Agosto, 21h00.
De seguida os mesmos Jardins do Palácio Marquês de Pombal transformar-se-ão na floresta do universo imaginário dos contos de fadas. Para o público do futuro e em estreia nacional, é a vez de um pequeno herói que graças à sua inteligência salva a sua vida e dos seus irmãos - "O Polegarzinho" - conto-ópera da compositora francesa Isabelle Aboulker, a partir do conto de Charles Perrault, na versão portuguesa de Luís Rodrigues com a encenação de Sandra Faleiro, de 28 a 31 Agosto, pelas 21h
Outro Grande Clássico, num novo parceiro e epicentro da capital lisboeta- o Anfiteatro ao ar livre da Fundação Calouste Gulbenkian – "Don Giovanni" do genial W. A. Mozart, sobre o sedutor compulsivo, vítima do seu próprio esquema. Don Giovanni tem milhares de amantes por este mundo fora. Até que um incidente inesperado precipita o seu fim. A encenação contará com o rasgo e provocação do actor e encenador João Pedro Mamede, que assim se estreia em ópera, numa nova leitura deste mito, sob a direcção musical da maestro Pedro Carneiro, com um elenco nacional de luxo liderado por Christian Lújan e ainda Luís Rodrigues, Patrícia Modesto, Rafaela Albuquerque, Cecília Rodrigues entre outros, acompanhados pela Orquestra de Câmara Portuguesa. (30 e 31 Ago, 2 a 4 Set, 21h)
Para celebrar os 500 anos do nascimento do maior vulto cultural português de todos os tempos – Luís Vaz de Camões, o Operafest elaborou uma homenagem especial, apresentando em estreia absoluta a Cantata/Performance "Tormento", para ensemble vocal feminino e electrónica, a partir do extraordinário Canto V (Adamastor) dos "Lusíadas", contruída pelo performer Gustavo Sumpta com a música de Nuno da Rocha, em sessões contínuas na Trienal de Lisboa, no belo Palácio Sinel de Cordes (5 e 6 Set, 21h e 22h).
Anuncia-se ainda a encomenda de um Poema Sinfónico/coral "LUSÍADAS", a partir epopeia homónima, também ao compositor Nuno da Rocha, em parceria com a Orquestra Metropolitana, a estrear em Dezembro de 2025.
O concurso de ópera contemporânea português - Maratona Ópera XXI, nesta 5ª edição expande-se para a Plataforma Novas Dinâmicas para a Ópera de Hoje. Apostando em várias áreas: formação e especialização, encomendas, concurso nacional e concurso internacional bianual, para o florescimento efectivo da ópera de hoje, numa conquista de novos públicos e reconquista de público operático para a ópera contemporânea. Apoiando e fortalecendo os criadores, criativos e intérpretes trazendo a ópera de hoje para mais próximo do mundo e do público de hoje!
Este ano o foco é no libreto. Dois libretos para duas óperas de fôlego foram encomendados a dramaturgos com um corpo de trabalho relevante, reflectindo sobre a sociedade de hoje, em torno da inteligência artificial e da nova geografias das cidades- cidades fantasma, num contexto de crescente desumanização actual. Será realizada uma chamada a compositores, da qual dois compositores serão selecionados para compor duas óperas, aos quais será atribuído uma bolsa de composição, a serem apresentada no Operafest 2025 e habilitarem-se a Prémio Carlos de Pontes Leça (homenagem ao grande musicólogo)- Novas Óperas.
No âmbito da Ópera Satélite, apresenta "Máquina Lírica", para a auto-descoberta vocal em todas as idades, um curso livre de descoberta da escrita musical e sua evolução, workshops e debates, conferências em torno do verismo e do mito de D. Giovanni, (no auditório do el corte inglês em Lisboa, de entrada livre 2 a 10 SET, 18h30). E ainda a imperdível rave operática, em "Atracção fatal" com um dress code "sexy", para uma festa de celebração e fusão da ópera, com a electrónica, pop, afrobeat e dance music, com actuações dos Enapá 2000, a deusa urbana, Dj Nídia e muito mais no emblemático Titanic sur mer. (7 Set, 23h)
O ciclo cine-ópera em parceria com a Cinemateca Portuguesa, a partir de contágios múltiplos entre ópera e cinema, celebra Luís Vaz de Camões com "Non", ou vã glória de mandar" (1990) e "O Velho do Restelo" (2014) de Manoel de Oliveira, para os mais novos propõe o belo manifesto pacifista no âmbito da Cinemateca Júnior, "O rapaz do cabelo verde" de Joseph Losey e ainda versões cinematográficas imperdíveis dos grandes Clássicos desta edição: a nova leitura de Don Giovanni de Mozart com "Juan" (2010) de Kasper Holten e os filmes "Pagliacci" (1982) e "Cavalleria rusticana" (1982) de Franco Zefirelli (7 a 11 Set). Terminando o Operafest com as mesmas duas pérolas veristas que marcaram o seu arranque !
Bem vindos ao Operafest e ao mundo trágico da ópera!